Crianças e adolescentes que passaram pela fundação conseguiram prosperar e hoje têm boas histórias para contar
Beatriz Rosa
São José dos Campos
Há 24 anos, crianças e adolescentes da periferia de São José trilham novos caminhos com a ajuda da Fundhas (Fundação Helio Augusto de Souza) criada em 1987 pelo ex-prefeito Hélio Augusto.
Engraxates descobriram um novo mundo como pesquisadores, office-boys viraram empresários e doceiras se tornaram professoras, retribuindo à comunidade a assistência recebida.
Em 24 anos, 32 mil crianças e adolescentes foram atendidos pela fundação. Neste período, a maior lição da instituição é que a educação sempre cria novas oportunidades para traçar um novo futuro.
Oportunidade. O presidente da Câmara de São José, Juvenil Silvério (PSDB), atribui sua ascensão social ao fato de ter frequentado os programas sociais do antigo Cosemt (Centro de Orientação Sócio-Educativa do Menor Trabalhador), que deu origem à Fundhas.
“Comecei aos sete anos com engraxate, mas a Fundhas me deu a oportunidade de crescer. Com disciplina e respeito fui indicado como aprendiz no Inpe, onde fiz carreira na montagem de satélites. Lá, conheci Emanuel Fernandes que me inspirou a entrar na vida pública.”
Hoje como presidente da Câmara, Silvério ampliou o número de aprendizes da Fundhas na Câmara. “Eu valorizo a história de cada um desses meninos e digo a eles o tempo todo para aproveitar as oportunidades.”
Como ele, o vereador Jairo Santos (sem partido) também passou pelo antigo Cosemt. “Trabalhei como engraxate, gari e office-boy. Eu torcia para não ventar quando eu estava trabalhando porque dava vontade de empinar pipa. Na Fundhas, a gente aprende a ter responsabilidade desde cedo.”
Aprendiz. De aprendiz do setor financeiro para dono do próprio negócio. Esta é a história de Alexandre Luciano dos Santos, 27 anos.
Santos passou oito anos na Fundhas. “Os professores se tornaram minha família e me inspiraram a ser uma pessoa melhor. Na Fundhas eu vivi e aprendi que a vida não é brincadeira, mas que os sonhos podem ser realizados”, afirmou.
Para ele, a Fundhas mudou histórias de vida. “Não fosse a Fundhas, talvez eu nem estivesse vivo. Perdi muitos amigos para as drogas. Enquanto eles morriam eu pensava que poderiam estar na Fundhas.”
Retribuição. A professora Grace Fabiana Fortes Quaresma, 37 anos, gostou tanto do tempo que passou na Fundhas, onde aprendeu a fazer doces, que retornou há 12 anos, mas agora para ensinar. “É gratificante voltar como educadora para formar pessoas.”
Formação.Mais de 8.000 crianças e adolescentes são atendidos pela Fundhas. Cheios de sonhos, eles vão descobrindo as primeiras lições de vida. “Aprendemos a não brigar, a fazer amigos e a respeitar as pessoas”, disse Ingrid Vitória, 10 anos. Outros já descobriram carreiras promissoras. “Adoro dança de rua e sapateado”, disse Tainará Santana, 12 anos.
Entidade estimula potencialidades
O diretor presidente da Fundhas em São José, Roniel Faria, disse que a Fundhas chega aos 24 anos renovada e com a missão de estimular as potencialidades profissionais e artísticas das cerca de 8.000 crianças assistidas.
“Apostamos em uma nova proposta pedagógica: a de desenvolver habilidades. Se um aluno toca violino, ou faz balé, iremos estimular. Isso aumenta a vontade da criança em aprender.”
Segundo ele, o projeto piloto na rede já atua em duas frentes: música e esportes, onde 800 crianças estão envolvidas. “No futuro pensamos em estimular o raciocínio lógico com aulas de xadrez.”
Para Faria, a ação da Fundhas vai além da educação. “Norteamos personalidades e moldamos seres humanos.”
A história da Fundhas foi presenciada pelo executivo, José Cividanes, um dos maiores parceiros da instituição.
“Hélio Augusto buscava um novo modelo de atendimento à criança. Me procurou e gostou da creche que havíamos implantado na Johnson. Hoje, a Fundhas se tornou um importante exemplo de formação profissional para menores.”
Festa. A Fundhas homenageia hoje ex-alunos e parceiros da instituição. Haverá apresentação de teatro e bolo.
A FUNDHAS
Criação
A Fundhas foi criada em 1987 pelo ex-prefeito Hélio Augusto de Souza com o objetivo de auxiliar no desenvolvimento de crianças de baixa renda. Atualmente a Fundhas mantem 21 unidades e tem um orçamento anual de R$ 40 milhões
Atividades
A Fundhas atende cerca de 8.000 crianças e adolescentes entre 7 e 18 anos. Dos 7 aos 15, são realizadas atividades educacionais, de esporte e lazer, cultura e informática, entre outras. A partir dos 15, os jovens passam a participar de programas profissionalizantes em áreas como mecânica, elétrica, panificação, hotelaria e turismo
Emprego
Concluído o curso o adolescente é encaminhado para uma empresa, na condição de aprendiz onde recebem bolsa auxílio
fonte: O VALE