segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Internet tem peso similar ao da educação para ascensão de jovens da classe C


Empresa promete divulgar pesquisa que coloca PNBL no centro das discussões. Estudo indica ainda que sites já respondem como principal fonte de informação para essa faixa etária

Publicado em 05/12/2011, 19:49
São Paulo – A Data Popular promete divulgar dados que sugerem que o acesso à banda larga é tão importante quanto a educação para promover a ascensão social de jovens da classe C. A empresa de pesquisa especializada em estudos sobre segmentos populares da população – o que incluir a nova classe média do país – deve divulgar, ainda neste ano, levantamento que quantifica o peso do acesso à internet em alta velocidade em relação às possibilidades de melhorar de vida.
O publicitário e sócio-diretor da Data Popular, Renato Meirelles, prevê reações críticas e contrárias aos dados, por parear a internet com a educação, que é um direito. Apesar de o material estar pronto, ele faz mistério para detalhar dados incluídos no estudo.

"Mostraremos estatisticamente em um paper que o acesso à banda larga é tão relevante quanto a universalização do ensino para inserção social", resumiu, no início da noite desta segunda-feira (5), durante seminário sobre o futuro da comunicação. "O jovem conectado tem mais chances de ascensão social por questões como a ampliação do networking, a possibilidade de fazer cursos online, de mandar currículo pela internet e de expor sua produção", enumera.

Meirelles sustenta que a perspectiva coloca o Programa Nacional de Banda Larga (PNBL) como uma prioridade a ser discutida no país. "Não quero cair em falsa polêmica, porque não queremos tirar a importância da educação", afirma. Meirelles, no entanto, admite o "contraponto" colocado a educadores, já que a pesquisa incluirá a constatação de que estudantes de ensino médio da classe C têm mais conhecimento sobre a internet do que seus professores.

Não à toa a internet já é a principal fonte de informação desses jovens de classe C, superando a TV. Em outras faixas etárias, as emissoras de televisão seguem em vantagem, mas o cenário de aumento de renda de pessoas de até 24 anos, que respondem por 53% da renda da classe C, faz crescer a importância do segmento na formação de opinião.

Assim, Meirelles acredita que a democratização na comunicação propiciado pela internet é "sem volta". "É impossível ter uma edição de debate eleitoral como foi em 1989 (como fez a Rede Globo)", exemplifica. "É claro que acesso à informação não é acesso a conteúdo, que tem muita besteira (na internet). Mas há uma diferença conceitual importante entre os veículos."

Ele lembra que, enquanto a TV foi vista por muito tempo como "janela do mundo para o 'povão'", a internet funciona, além de janela, como vitrine, porque também se pode produzir cultura e alcançar visibilidade. "Por isso, clipe de rap do Capão Redondo consegue 2 milhões de visualizações, coisa que muita campanha de publicidade viral não alcança", compara. A referência é a conteúdos de agências que visam a ser reproduzidos e divulgados em blogues e redes sociais como um vírus de computador por quem o assiste.
Ele reconhece que a democratização alcançada pela internet não alcança um "mundo maravilhoso", mas um cenário "muito melhor do que antes", porque a internet é o "mecanismo mais democrático para se divulgar conteúdo no mundo". "Muda o jogo da comunicação e da cultura", afirma.
Meirelles participou de uma mesa do seminário "Mercado Futuro de Comunicação", organizado pela Associação Brasileira de Empresas e Empreendedores da Comunicação (Altercom) em São Paulo, nesta segunda-feira (5). O evento é voltado a discutir as oportunidades do setor abertas para os próximos anos especialmente para pequenas e microempresas.
Ele propôs como desafio a produção de conteúdo voltado "para muitos", e não uma "vanguarda para poucos". A análise foi uma sugestão – ou alfinetada – a parte da audiência, formada por empresários que mantém veículos de comunicação alternativos, produzidos fora de conglomerados de mídia e com viés mais à esquerda.
"A esperança venceu o medo há nove anos no país. Se foi assim, é com a esperança que se dialoga para ter um discurso mais amplo na sociedade", propõe. Ele cita dados que colocam a nova classe média como a mais otimista do país, o que exige que se busque aproximar com esse tipo de perspectiva.

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